Artigo de especialista –

Pollyanna Patriota 

Profª de Nutrição – UFTM

Eles estão em toda parte, por isso é preciso aprender a reconhecer os alimentos ultraprocessados para que você faça melhores escolhas para você e seu filho.

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) associadas à alimentação inadequada têm aumentado em todo o mundo. Entre essas doenças estão obesidade, diabetes, hipertensão, dislipidemias (ex: colesterol alto).

Dados do Vigitel 2014 (Inquérito que avalia fatores de risco para doenças crônicas) revelam que, no Brasil, temos uma prevalência de 50,% de pessoas com sobrepeso, 17.5% de obesidade, 6.9% de diabetes e 24,1% de hipertensão. Esses números são, em grande parte, provocados pelo enfraquecimento dos padrões alimentares tradicionais, baseados em alimentos in natura ou minimamente processados e pelo consumo exacerbado de alimentos ultraprocessados.

Classificação dos alimentos

 

alimentos saudáveis

Alimentos in natura.

Alimentos in natura ou minimamente processados – alimentos que não tenham sofrido alterações industriais após deixarem a natureza ou que sofreram alterações mínimas, por conta de limpeza, remoção de partes não comestíveis, refrigeração.

Ingredientes culinários – alimentos fabricados pela indústria a partir de extração do alimento in natura ou ingredientes presente na natureza, tais como: óleos vegetais, gorduras, sal e açúcar com finalidade de temperar alimentos in natura e nunca consumidos isoladamente. Neste grupo, quanto menos processado/refinado, melhor será.

alimentos ultraprocessados

Alimentos processados.

Alimentos processados – alimentos feitos essencialmente com a adição de sal, açúcar, óleo ou vinagre a um alimento in natura para aumentar seu tempo de conservação. São exemplos, as conservas de legumes, peixes, cereais, leguminosas, frutas em caldas, carnes salgadas, queijos, pães.

 

alimentos ultraprocessados

Alimentos ultraprocessados.

Alimentos ultraprocessados – alimentos que passaram por técnicas e processamentos com alta quantidade de sal, açúcar, gorduras, realçadores de sabor e texturizantes. Estes alimentos possuem um perfil nutricional danoso à saúde. Por serem hiperpalatáveis, ou seja, acentuam muito sua palatabilidade ou aceitação pelo paladar da maioria da população, danificam os processos que sinalizam o apetite e a saciedade e provocam o consumo excessivo e “desapercebido” de calorias, sal, açúcar, etc.

Exemplos de alimentos ultraprocessados:

Enlatados, embutidos, congelados, preparações instantâneas, refrigerantes, salgadinhos, frituras, doces, gelatinas industrializadas, refrescos em pó, temperos prontos, margarinas, iogurtes industrializados, queijinhos petit suisse, macarrão instantâneo, sorvetes, biscoitos recheados, achocolatados e outras guloseimas.

  • Importa lembrar que os alimentos ultraprocessados também são pobres em micronutrientes (vitaminas,sais minerais, água e fibras), o que impacta negativamente favorecendo o desenvolvimento das DCNTs. Portanto, não seria exagero de minha parte dizer que estes produtos nem mesmo podem ser considerados como alimentos.

Distúrbios de saúde que os alimentos ultraprocessados ocasionam:

  • Prejuízo dos mecanismos que indicam a fome e a saciedade;
  • Favorecimento do acúmulo de gordura;
  • Favorecimento do desenvolvimento de alergias e intolerâncias alimentares;
  • Prejuízo do funcionamento dos rins;
  • Sobrecarga do funcionamento hepático;
  • Favorecimento de distúrbios estomacais e intestinais;
  • Favorecimento do desenvolvimento de diabetes, hipertensão, obesidade e diversos tipos de canceres;
  • A desnutrição, assim como a anemia por baixa ingestão de nutrientes como vitaminas e minerais é uma das doenças mais frequentes para quem consome alimentos ultraprocessados. Muitas vezes, a criança tem uma boa ingestão de ferro em determinada refeição e logo após consome um alimento ultraprocessado que prejudica a absorção do nutriente.

Por isso, os alimentos ultraprocessados  não devem ser oferecidos às crianças e devem ser rigorosamente evitados pelos adultos.

O que fazer para proteger as crianças desses males?

Converse com a criança explicando sobre os malefícios destes alimentos e nenhum benefício a sua saúde, sempre explicando a necessidade da mesma crescer e desenvolver-se com saúde para obter um desenvolvimento pleno.

Evite que a criança fique muito tempo exposta à programas televisivos, pois nos intervalos dos programas infantis é comum a veiculação de publicidade de alimentos destinados ao público infantil. Além disso, quanto mais horas a criança fica exposta à TV ou jogos eletrônicos, menos atividade física ela terá e assim aumenta o risco de desenvolver DCNTs.

E o mais importante de todos: dar bons exemplos. A criança aprende muito mais pelo exemplo que os pais/cuidadores dão do que com o que eles falam. Aplique-se em obter bons hábitos alimentares, procure refletir sobre aquisição de alimentos ultraprocessados e ao ir à feira ou mercado faça as seguintes perguntas para eleger os alimentos que farão parte de sua alimentação:

  1. Este alimento trará algum benefício a minha saúde e à saúde de meu filho?
  2. Este produto é mesmo um alimento ou trata-se de um ultraprocessado?
  3. Este produto pode prejudicar minha saúde ou a saúde do meu filho? (está na lista dos excessivos em sal, açúcar ou gordura?)

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